Osmar
Antonio Fracalossi
(Athos de Alexandria)
Meu nome é Antonio Osmar Fracalossi, tenho 60 anos,
casado,
formado em Direito, mas não exerço a profissão,
comerciante,
leio muito, considero-me bastante culto, sou honesto,
correto, leal,
sempre digo o que penso, mesmo que não seja consenso
entre a maioria.
Mas, desde que me provem que estou errado, mudo
imediatamente de posição.
Gosto de escrever artigos e poesias e o faço sob o
pseudônimo de
ATHOS DE ALEXANDRIA que adotei desde ainda muito jovem,
quando comecei a escrever.
Obrigado por me lerem!
"UMA BREVE HISTÓRIA DE AMOR!"
Eu vou contar para vocês...
De um acaso, sem se saber o porquê, um amor impossível
nasceu,
vicejou e, como todo grande amor, fez-se flor do
Paraíso,
num cantinho qualquer em nosso mundo.
Se não o sabem, isso eu posso lhes contar...
"O amor e seus sonhos, transportam pedaços permitidos do
Paraíso,
aqui para a terra... E em cada um destes pedacinhos, vêm
junto... um pé-de- amor”.
E em cada “pé-de-amor”, existe apenas uma flor...de raro
perfume, linda e exuberante...
E esta flor tem um nome...
Chama-se... “Felicidade..."
Um maravilhoso amor, que nasceu do nada, cresceu sem
motivo
que até os anjos o admiravam.
Também se não o sabem, e isso eu posso lhes contar...Os
anjos vêm voejar
os casais destes jardins de amor, entre nós
permitidos...
E, a este casal tão amoroso, tão-se amados e amantes,
entoavam a eles
suaves e doces canções do mais fino enlevo, ao vê-los
assim enternecidos,
faces púrpuras de romance, perdidamente enamorados.
E choravam os anjos, como choramos nós ao assistir a
um filme de amor açucarado...
Pois se não o sabem, e posso também lhes contar...
"O amor sincero e verdadeiro, toca até os corações dos
anjos..."
Então um dia, este amante embriagado de felicidade, fez
à amada
um solene juramento invocando a benção do SENHOR...
"Que nunca, jamais, sua boca a ela pronunciaria uma
mentira".
E o idílio destas duas almas assim amadas, tecidas e
entrelaçadas,
rendas criadas com fios de tão forte querer, continuou
por muitas luas cheias,
luas novas, sóis, meses, anoiteceres e amanheceres...
Era inacreditável... que este amor, um dia pudesse
morrer...
Se foi muito ou pouco tempo, eu não vou lhes contar...
Mas este romance teve fim...
Um dia, um ficou e o outro se foi... Se foi, para nunca
mais voltar...
Quem se foi, não olhou para trás...
Também não vou lhes contar, quem foi que sofreu mais,
chorou mais ou continua chorando ou sofrendo mais...
Também não conto quem chorou menos, ou sofreu menos,
porque não sei...
Se quem se foi... ou quem ficou... Mas isso não
importa...
O pé-de-amor não morreu, apenas murchou... e ficou sem
flor...
Pois a flor foi-se embora, cruelmente arrancada viva do
pé-de-amor,
levada pelas mãos dela, com suas razões, motivos,
precisões e necessidades...
Longe do pé-de-amor, a flor morreu... e acabou-se assim,
a felicidade...
O pedacinho, o cantinho do Paraíso, em silêncio voltou
para seu lugar lá no céu.
E foram-se os anjos, chorando também, só que agora
tristes, pelo que aconteceu...
Ele, o amante sem amada, e o pé-de-amor ficaram sós...
E fez-se noite, fez-se dia, choveu e ventou...
Amarelaram-se as folhas no outono, gemeu e tremeu o
inverno de frio,
esqueceu-se o inverno, cobriram-se de flores os campos
com
a primavera... e... o tempo correu...
E o pé-de-amor, não morreu...
Estava e continua vivo, embora murcho e sem flor... sem
a felicidade...
Isso eu lhes ainda posso dizer...
Um dia, não sei como, nem sei de onde, pois isso eu não
posso contar,
veio dela, a que se foi, a pergunta...
____Como você está?
Ele pensou, pensou e pensou para lhe responder...
Poderia apenas lhe falar... ____ Estou bem! mas assim
não o fez...
Estava preso ao juramento de nunca a ela mentir, que
levou a felicidade, sua Flor...
Lembrou-se com amargura das muitas noites de sono
perdidas, por ela chorando.
Estava sofrendo muito, sua dor era imensa, sua falta
rasgava-lhe o peito.
Era como uma espada rubra de fogo, trespassando-lhe e
queimando-lhe as entranhas...
Pensava nela todos os dias...
Mas ele não podia dizer isso a ela... por dois motivos.
Não queria que ela sofresse por ele; e dela não queria
seu dó, sua pena, sua piedade...
Então, apenas respondeu... E se ela entendeu ou não,
também não sei...
Ele, quase sem voz, num murmúrio respondeu...
_____Nunca mais vou falar com você...
E nunca mais de verdade, se falaram... Nunca mais...
E o pé-de-amor?
Este continua vivo, mas murcho e sem flor...
Pois ele, naquele dia do juramento, por se saber e
conhecer,
também lhe tinha jurado eterno amor... E a continua
amando...
E assim é que era... e assim é que foi...
Isso, eu lhes posso contar...
Athos de Alexandria 23-11-2008
"Transformado em estrelas..."
Vou-me lento com o tempo!
Sou irmão dos astros do céu,
e das estrelas do firmamento!
De quantas delas irmão, será, fui eu?
É, pois que delas do pó fui criado,
milênios num momento,
e gente fez-se delas a mim,
irmão de uma estrela do passado...
Penso-me que,
na escuridão antiga eu ter sido,
uma estrela cadente.
Cai na terra e,
eis a razão e o motivo,
de eu ser pó de estrelas,
transformado em gente...
Nasci homem e me vi poeta,
uma pessoa diferente.
Do pó, conheci uma gente,
feito dele na terra linda estrela,
que aqui nela,
brilha lindamente.
Mas,
deu-me ela tanto sofrimento,
que melhor teria sido, eu não conhecê-la,
melhor, eu poeta, ter sido sempre só...
Fez-me ela triste, da face levou-me o riso
e todo contentamento...
Hoje
tenho vontade de não mais ser gente.
Quero morrer logo! Voltar a ser pó!
Quem sabe tornar-me de novo estrela!
Talvez assim, conseguisse esquecê-la;
do que ficar aqui infeliz,
de longe a vê-la,
tão feliz...
E,
vejo que o tempo vai passando,
escoando lentamente...
Como areia de ampulheta,
entre meus dedos está vazando...
Como meus pensamentos, ele, o tempo,
está voando...
E como ela, a areia,
minha vida se esvai e vai,
igual tal e qual, à semelhança,
desta areia,
que lentamente...
cai...
Athos de Alexandria 21-03-2009
“Te matei!!!”
Eu não te esquecia!
Meu “tudo de mim” te sonhava,
e em todo rosto de mulher eu te via!
Em meus olhos, tudo “teu tudo” emoldurava!
Minha vida te pedia e se perdia,
e cada célula minha te gritava,
te chamava e te implorava!
Por teu pérfido desprezo,
entrei na minh’alma, fechei os olhos,
e te matei...
Tanto te matava quanto te beijava;
tanto te ofendia, tanto te agredia,
como me arrependia,
quanto eu chorava!
Tanto te odiava quanto eu te amava!
Mas eu te matei !
Matei sim!
Tu e teu amor de mim!
Matei meu cansaço, matei teu rosto,
matei tuas lembranças, matei caminhos,
matei passado, momentos, sonhos e ilusões!
Matei! Matei tudo de ti!
Te matei morta! Definivamente!
Te matei de vez da minha vida!
Então docemente,
com toda minha ternura peguei “teu tudo” morto
e em lamentos andei contigo a vagar
pelas veredas úmidas e escuras da minh’alma,
gritando e gemendo a minha dor!
Tanto mais “teu tudo” eu olhava,
quanto mais “meu tudo” chorava!
E te envolvi na mortalha pura e branca do meu amor,
(pois eu te amo)!
Aspergi sobre ti, fragrâncias do meu bem-querer
e mirei com carinho tua pálida e inerte formosura!
E eu te abracei e te beijei, entre áis de dor,
de desespero e de loucura,
como alguém que a ele já nada mais importa!
Beijei teu rosto morto muitas vezes,
lambi tua face, arrumei teus cabelos com a língua!
Muitas vezes beijei sua boca exangue,
boca roxa, sensual, linda, boca de morta!
E aconcheguei a mim teu frio corpo!
E te pranteei pérolas vermelhas de sangue
como uma mãe chora o amado filho recém morto!
Te levei da minh’alma ao canto
mais lindo do meu jardim!
Ajoelhei-me e ali, fiz a tua sepultura,
ali mesmo eu te enterrei, e a mim,
te fiz então, para sempre morta!
Desesperado,
porque eu não podia ficar sem “teu tudo”
esbravejei iras de cólera pelo que te fiz,
e enfurecido eu te vinguei!
Então, sem mais pensar,
eu me morri também...
E me matei !
Athos de Alexandria 18-09-2009
http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=34772
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