Maestro José Geraldo Martinez

 

 

O Maestro Poeta faleceu em 29 abril de 2013

 


Não me julgo um poeta , digamos adoro brincar de ser poeta , além de ter a música como minha inseparável companheira . Música e poesia fizeram de mim um homem romântico e sonhador , isso desde os meus tempos de infância e adolescência na bucólica cidadezinha de Araçatuba onde nasci .
Depois de andar muito por este Brasil, cá retorno a minha cidade natal para usufruir de suas largas ruas e avenidas , além do calor que faz desta terra uma das mais quentes do nosso interior paulista. Estou mais próximo dos meus quatro filhos e da minha mãe poetisa: Mercília Rodrigues e do meu pai José . Aqui, casei-me e descasei-me e sigo a trabalhar com minhas composições musicais , além de tocar um restaurante .
Agora , avô de Enzo , filho da minha filha Érika ( mais velha) , preparo-me para buscar qualidade de vida . Assim, dedico minhas horas de folga a poetar e escrever , isto quando não estou dançando ou pescando no magnífico rio Tiête que mostra suas águas limpas e piscosas. Poetar ? Cachaça ! E minhas poesias, os aperitivos oferecidos aos amigos internautas com muito amor e carinho .

José Geraldo Martinez

 

Restou-me um Poema



Queria oferecer-te um feito histórico ,
que jamais alguém conseguiria fazer um igual!
Que fosse de tão único, meio sobrenatural ...
O que faria ?
Mesmo que me custasse. Às duras penas!
Mas de ser tão pobre...
restou-me um poema!

Escrevi, por vários anos,
cada dia uma palavra,
para te dizer o quanto te amava!
Noites a fio me inspiravas
nas lembranças que tu me davas.
E o tempo, meu único companheiro...
com sua enorme paciência,
retocava-me a cada janeiro!
Escrevia nele um poema, único.
Ninguém jamais faria um igual...
De um amor verdadeiro!

Às duras penas que fosse,
retocá-lo a cada instante que o achasse normal!
Teria que ser diferente, o maior,
que fizessem as pessoas sonharem,
se apaixonarem ...
atemporal!
Até meu amor ausente,
dona do meu grande feito,
dele fizesse imortal...
Poema musicado em serestas,
regido por grandes orquestras,
na mais singela flauta doce!
E levantasse minha amada do sono...
no amor maior que fosse.
Que fizesse mover o vento, todas as campinas....
Cruzasse mares e colinas,
suspirasse o amanhecer!
Um poema de amor em vida
e quando da morte em guarida ...
eterno ser!

Tombo-me no poema inacabado,
anos dedilhados e escritos...
Nos versos por mim rabiscados,
busco ainda um mais bonito !
Até que minhas mãos trêmulas,
traiam-me com algemas da velhice!
E meus lábios silenciando ...
deixa por eles falando o vento fresco das planícies !
Se não terminar meu poema,
que assim às duras penas ...
minha vida carregou!
Deixarei no céu estrelas, os rios e cordilheiras...
declamarem meu amor.
As aves no infinito,
o céu sangrando aflito num manso entardecer...
O perfume das camélias ,
dos jasmins e rosas belas e o sol do amanhecer!
Falarão por mim, se eu me for e
todo verso de amor,
serão minha voz , meu poema!
Divinal, sobrenatural...
Do amor , qualquer loucura que valesse à pena!
E se maior não fosse, juntado o universo...
Pobre que sou,
nada mais teria além do meu amor...
Dar-te-ia meus versos.

José Geraldo Martinez

Poema Declamado

Restou-me um Poema
https://nadirdonofrio.recantodasletras.com.br/audio.php?cod=19122



FAÇA-ME ESQUECIDO !

José Geraldo Martinez


Ah, tempo! Faça-me esquecido!
Deixe-me nos braços da noite.
Melhor seria nestes lábios em que pouso minha paixão...
Ah, tempo! Faça-me esquecer de que
amanhã estará partido e que possa
ser do hoje uma ilusão!
Deixe-me curtir um pouco mais o
sorriso dos amigos,
antes que se despeçam para o futuro,
onde a vida nos cobra a luta insana,
de ir vencendo nossos muros .
Deixe-me um pouco mais escutando
a sinfonia dos pardais sobre os telhados
da minha vizinhança,
e que um dia acabarei deixando no amanhã
com minhas andanças!
Ah, tempo! Faça-me esquecido,
caminhando na praia de areias brancas.
a escutar o mar a mostrar-me nos rochedos os seus gemidos!
Deixe-me um pouco mais apreciar o pôr do sol,
gigante bola vermelha no horizonte enrubescido...
Não sei se amanhã estarei em terra incerta,
e na eternidade cumprindo os meus serviços...
Deixe-me um pouco mais a sentir o vento em meu rosto,
como se não tivesse comigo qualquer compromisso!
Olhar meus filhos a caminho da escola,
ficar um pouco mais no abraço que deles recebo...
Durar um pouco mais a nossa partida de bola
e em meu rosto a ternura dos seus beijos!
Ah, tempo! Faça-me esquecido,
nas longas conversas com minha mãe,
nas histórias contadas por meu pai!
Com essa sensação de amparo que ainda tenho,
quando os vejo em meu velho lar...
Ah, tempo! Amanhã só Deus sabe!
Eu os espero ou eles estarão a me esperar?
Deixe-me um pouco mais na sua
pressa na qual vejo...
minhas lágrimas chorar!
Amanhã tudo será passado,
tudo estará acabado,
Senão a luz deste luar!

 

DESDE O ONTEM

José Geraldo Martinez


Desde os primórdios da existência terrena
eu a amo.
Você não percebe meu amor, estamos juntos
há muito tempo e assim muitas reencarnações
temos vivido...
Já olhamos para as mesmas estrelas, a mesma
lua de muitas vidas.
Das cavernas saímos primitivos!
Andamos por toda estas terras e matas,
com certeza brindamos o descobrimento
do fogo...
Quando o homem imaginava um fim
da vida,
estamos nós aqui de novo!
Não é casualidade nos reencontrarmos
e neste mesmo círculo, estarmos renascidos...
Terá um fim, amor de mim,
quando nossos compromissos se fizerem
cumpridos!
Na espiritualidade trabalharemos,
junto a legiões de espíritos de luz...
Lá o amor sentiremos,
de mãos dadas seguiremos,
no comando alegre de Jesus!
Não se assuste longe de mim e
nem tenha medo do agora!
Com o tempo, há de voltar para mim,
como fora minha um dia, outrora ...
Os braços que hoje a amparam,
fazem parte do nosso quadro evolutivo.
São compromissos também assumidos
em nosso círculo reencarnatório,
que hoje, pagamos!
Saiba, meu amor:
você é minha e eu sou seu.
Desde os primórdios da existência terrena
nos amamos!





REVERENCIANDO !

José Geraldo Martinez

Oh, noite ! Curvo-me a ti
majestosa, imponente ...
Criatura do nosso Onipotente !
Grande mãe dos nossos sonhos,
inspiradora dos meus repentes .
Dona da lua e das estrelas do firmamento
que oculta o vento e o silêncio da tua amplidão !
Que embala os berços e leitos
de quem de ti só tem o chão .
Que do sereno faz brotar as flores,
jogadas por tua mão ...
Abriga-me !
Em comunhão, lanço-me
em tua profundidade .
Com minha alma aberta,
peço-te invade-me !
Rogo autorização para minhas poesias,
para minha boemia ...
Permite-me usar teus enfeites,
um pouco de tua magia!
Tua lua sobre o mar, teu vento nas palmeiras ...
Teu silêncio pelos prados e as
montanhas dormideiras!
O perfume refrescante que se ergue
dos jardins ...
O coração do teu amante a bater
dentro de mim!
Empresta minha alma que é tua inteira ...
Oh, noite! Companheira!
Teus adornos todos, empresta-me!
Curvo-me em teu chão,
dou-te autorização ...
Infesta-me!
Neste momento de tua orgia,
Sou boêmio, sou errante ...
Sou poesia !

 

Art: Nadir A D'Onofrio
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